O texto abaixo foi escrito por Matinho Lutero em 1520. Nele, o reformador expõe o seu ensino sobre o amor ao próximo tendo como pano de fundo a tese da justificação pela fé.
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26º
– Isso é quanto basta sobre as obras em geral e sobre aquelas que um cristão
deve realizar em seu próprio corpo. Vamos falar mais agora das obras que o
cristão deve praticar em suas relações com os outros homens. De fato, o homem
não vive apenas no interior de seu corpo, mas vive também na terra entre os
outros homens. Por isso não pode prescindir das obras em suas relações com
eles, mesmo que não tenha necessidade de nenhuma dessas obras para justificar e
alcançar a salvação. Por isso deve ter o espírito totalmente livre com relação às
obras e não visar senão a obsequiar os outros e a lhes prestar serviço graças a
elas; nada deve se propor a não ser satisfazer as necessidades dos outros. Levar
uma vida verdadeiramente cristã significa pôr-se à obra com uma fé e uma caridade
ardente (...). Vejam como Paulo representou claramente a vida cristã, na qual
todas as obras devem ter por finalidade o bem do próximo, porquanto a fé basta
a cada um para si mês o e porquanto todas as outras obras e toda a sua vida lhe
restam para que as ponha a serviço de seu próximo por um ato de livre amor.
LUTERO,
Martinho. A Liberdade do Cristão. Coleção
Grandes Obras do Pensamento Universal. Volume 83. São Paulo: Editora Escala,
2007. Págs. 42-43.