terça-feira, 23 de agosto de 2016

ÉTICA: IDENTIDADE E ALTERIDADE


Prof. Lucio Mauro Lira de Lima
1. ÉTICA E MORAL

1.1. A Moral

            Os conceitos de moral e ética, ainda que diferentes, são com frequência usados como sinônimos. No então, podemos estabelecer algumas diferenças entre esses conceitos.
            A moral é o conjunto das regras de condutas admitidas em determinada época ou por um grupo de pessoas. A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral.
            O comportamento moral varia de acordo com o tempo e o lugar, conforme as exigências das condições nas quais as pessoas se organizam ao estabeleceram as formas de relacionamento e as práticas de trabalho.

1.2. A Ética

            A ética é um dos ramos tradicionais da árvore filosófica. Vejamos o que diz o filósofo W. C. Young sobre o assunto:
ÉTICA. A ética ou filosofia moral é a parte da axiologia (teoria dos valores) que se ocupa da conduta humana, tanto individual como social. O que é o justo? O que é o bom? São as perguntas estabelecidas pelo filósofo moralista.
A ética é uma ciência normativa muito mais que descritiva. A psicologia é a ciência descritiva que se ocupa da personalidade, enquanto a ética é a ciência normativa; a sociologia é a ciência descritiva que se ocupa do grupo, enquanto a ética social é a ciência normativa do comportamento do grupo. De modo que a ética se ocupa não do que é, mais do que deve ser, do ideal.

2. ÉTICA PESSOAL E ÉTICA SOCIAL

2.1. Ética Pessoal (Padrão Moral Individual)

            Independente de leis governamentais ou regimentos de instituições sociais, cada indivíduo possui sua própria consciência que dita interiormente, no fundo da alma, leis que ela própria cria. Para cada indivíduo, até que o convençam do contrário, seu ponto de vista pessoal é a sua lei, ou a base dos princípios éticos que norteiam o seu comportamento.
            Por exemplo: há indivíduos que jamais usariam cabelos compridos. Outros por princípios religiosos jamais jogariam futebol. Há pessoas que não veem nenhum problema em rezar “o pai nosso”, seminu, por ocasião da oração na hora do deitar.  
Existem também cristãos que fazem uso do vinho em suas refeições. Porém, jamais frequentariam uma praia. Por outro lado, há muitos que vão à praia, porém, não tocariam em um copo de vinho. Outros não fariam nem uma coisa nem outra.
            O padrão moral pessoal varia de indivíduo para indivíduo. Dificilmente duas pessoas pensariam exatamente iguais. Naturalmente, em meio a tantas variantes, não se pode afirma que aquilo que alguém cria como padrão ético pessoal, seja o padrão ético verdadeiro, ou exprime o padrão ético absoluto.

2.2. Ética Social (Padrão Moral Coletivo)

            No pensamento coletivo as normas éticas também não são absolutas. Podemos ver no seguinte fato: a sociedade jamais aceitaria que uma pessoa andasse despida, exibindo a nudez pelo meio das ruas. Porém, esta mesma sociedade admite que uma pessoa fique nua em um palco de boate exibindo seu corpo diante de uma plateia.
A ética social exprime o pensamento ou o comportamento da coletividade. Não representa um princípio ético absoluto. As constantes mudanças nas leis governamentais e as insatisfações populares mostram que as normas éticas vêm sofrendo alterações com o decorrer do tempo.
Hoje, se assiste a filmes e a programas que jamais seriam exibidos há algumas décadas atrás. A ética em relação às vestimentas pessoais também vem sofrendo mudanças. Continuará sempre assim, desde que não haja um padrão que represente um princípio ético de vestimenta para todos os tempos. Os valores da ética social estão sempre sendo questionados. Os valores sociais são mutáveis porque nenhum deles representa um valor definitivo ou eterno.

3. ABORDAGENS E ALTERNATIVAS ÉTICAS BÁSICAS

PROBLEMA: É correto mentir para salvar uma vida? Contar a verdade é mais importante do que salvar vidas? A pessoa conta uma mentira para salvar uma vida, ou sacrifica uma vida para salvar a verdade?

3.1. O Antinomismo Ético

            Mentir não é certo nem errado. Não há normas. Há uma frouxidão da lei moral. Não existem leis éticas relevantes. A palavra antinomismo significa “contra a lei” ou “sem lei”. As normas éticas usadas pelos homens são subjetivas. Tem relevância apenas emotiva. Não existe uma norma ética inquebrável. Qualquer posição tomada não seria nem certo, nem errado.

3.2. O Absolutismo Ético

            O absolutismo afirma que só pode haver uma norma. Ela é inquebrável. Existe uma lei ética que não se pode transgredir. Não podemos de nenhuma maneira faltar com a verdade. Muitas pessoas são absolutistas em sua maneira de ver e avaliar a conduta humana. É fato comprovado, vários indivíduos afirmam: “É assim e pronto!” O absolutista, não aceita outro ponto vista. Não quer outra opinião diferente da sua.

3.3. O Situacionismo Ético

            Afirma que existe uma norma universal. Mentir é sempre errado. Mas, o amor está acima da lei. Para o situacionista, aonde o amor e o bem prevalecem a quebra da ética é aceitável. O situacionismo avalia a razão pela qual a ética ou um mandamento deixam ou não de prevalecer e aceita como válida ou viável a transgressão de um princípio moral.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia A.; MARTINS, Maria Helena P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 3ª edição revista. São Paulo: Moderna, 2006.
BRITO, Robson. Ética Cristã. Programa do Curso Bacharel em Teologia. Itaguaí: FASTE, s.d.
EQUIPE CIRANDA CULTURAL. Minidicionário de Espanhol. São Paulo: Ciranda Cultural, s.d.
GEISLER, Norman L. Ética Cristã: Alternativas e Questões Contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2008.
YOUNG, Warren C. Un Enfoque Cristiano a La Filosofia. Chicago: Baker Book House, s.d.



segunda-feira, 4 de abril de 2016

O SURGIMENTO DA INDÚSTRIA CULTURAL


Foi na segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial e consequente hegemonia do capitalismo (sistema econômico no qual os meios de produção são de propriedade privada, e o principal objetivo é a produção de lucro), que as produções artísticas também começaram a ser vistas como um bem de consumo, ou seja, um produto.
Nesse contexto se estabeleceu a indústria cultural, como é chamado o setor econômico responsável pela produção e comercialização de obras artísticas.
Ao seguir a lógica capitalista, a indústria cultural transformou as produções artísticas em um bem que pode ser adquirido por um valor monetário, promovendo o lucro do empresário que as fornece. Por essa razão, outra característica da indústria cultural é a produção em série e em larga escala, visando atender um amplo público consumidor.
O desenvolvimento da imprensa e do mercado editorial foram fundamentais para a difusão da indústria cultural. Na Europa, no século XIX, por exemplo, os jornais passaram a contratar escritores para produzir folhetins (obras literárias de narrativa ágil, fragmentadas em capítulos), recebendo um pagamento para essa atividade.
A consolidação desse ideal capitalista da produção artística, no entanto, ocorreu em meados do século XX com a popularização dos veículos de comunicação como os jornais, o rádio e a televisão, meios fundamentais para a difusão dos produtos decorrentes da indústria cultural.
Esses meios, no entanto, além de divulgadores dos produtos desse segmento são também produtores. É o caso, por exemplo, da indústria cinematográfica.
Em todo o mundo são produzidos filmes que levam milhões de espectadores aos cinemas alcançam recordes de arrecadação. Há algumas décadas, o polo cinematográfico com maior inserção mundial é o que se encontra em Hollywood, distrito de Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos.
Os filmes produzidos por Hollywood são exibidos em salas de cinema do mundo todo, disputando espaço com as produções locais. Essa ação globalizada, de ampla abrangência, pode conflitar com a conduta local.
O surgimento da indústria cultural ampliou o mercado de trabalho para os artistas e facilitou o acesso da população a suas obras. Por outro lado, um dos problemas apontados pelos críticos desse modelo é que a indústria cultural precisa ter inserção e abrangência na sociedade; assim, para vender seus conteúdos artísticos, estabelece a massificação de seus produtos. Dessa forma, ocorre uma padronização das produções culturais a fim de atingir o maior número de pessoas (consumidores).
REFERÊNCIA

AOKI, Virgínia. EJA Moderna: Educação de Jovens e Adultos. São Paulo: Moderna, 2013.