O território da Arábia faz parte do
Continente Asiático, e é uma península com 03 milhões de Km², mas 5/6 deste
total são desertos inabitáveis. A península é ladeada pelo Mar Vermelho, Golfo Pérsico
e Mesopotâmia. Em razão da grande área desértica, o povo se concentra
principalmente na orla marítima onde a terra é fértil. As áreas de maior
concentração são Iêmen e Hadjaz, onde se destacam as cidades de Meca e Medina.
O povo árabe pertence ao grupo étnico
semita. Seu comportamento é bastante heterogêneo. O homem do litoral é
sedentário, vivendo em agrupamentos urbanos, dedicando-se ao comércio, a
indústria e também a agricultura. O homem do interior (os beduínos) é nômade,
agressivo e vive em função dos oásis.
1. A ARÁBIA PRÉ-ISLÂMICA
De origem semita, as tribos nômades do
deserto, conhecidas como beduínos foram os primeiros habitantes da Península
Arábica. Por volta do século VI, mais de três centenas de tribos habitavam a
região; incluindo as tribos urbanas que ocupavam a faixa costeira do Mar
Vermelho e do sul da península com melhores condições climáticas e maior
fertilidade do solo. Concentravam-se principalmente em Meca (a cidade mais
importante), e em Iatreb.
Na Arábia Pré-Islâmica, os árabes não
formavam um Estado. Estavam divididos em cerca de 360 tribos independentes
governadas por Sheiks, umas sedentárias outras nômades. Professavam uma
religião politeísta onde Alá era o Deus principal, e havia uns 360 ídolos,
correspondente ao número das tribos. Entre elas existia um ponto de união que
era a Caaba: um templo em forma cúbica cujas paredes são cobertas por um pano
preto. Localizava-se em Meca e nesse Santuário estavam os ídolos tribais e mais
uma pedra que diziam ter sido originalmente branca, mas se tornara negra por
causa dos pecados dos homens.
Os árabes visitavam anualmente o
templo, resultando daí num grande desenvolvimento de Meca. A importância desta
cidade era decorrente de seu valor comercial e religioso, uma vez que lá se
encontrava a Caaba. Os coraixitas, era a mais importante tribo árabe,
desfrutavam de grande poder e prestígio, controlavam a cidade de Meca e eram
responsáveis pela guarda do Santuário.
2. A ARÁBIA ISLÂMICA
2.1. A Unificação Árabe
Para os povos árabes, o Islã, que
significa “submissão à vontade divina”, é mais do que uma religião. É o que
lhes dá identidade cultural e o que, durante muito tempo lhes proporcionou
unificação política. Segundo o Corão, o livro sagrado do Islamismo, a origem do
Islã está na missão que Maomé teria recebido do anjo Gabriel: a de propagar a
vontade de Alá, o único Deus verdadeiro e criador de todas as coisas.
A partir daí, Maomé assume a condição
de Profeta e inicia a sua pregação, que também é uma campanha militar: em torno
da fé ele unifica as tribos e os clãs em que se dividiam os árabes.
Portanto, a unificação árabe, deu-se em
por meio da religião.
2.2. Maomé e o Islamismo
Maomé nasceu em Meca por volta do ano
570 e pertencia a tribo dos coraixitas. Embora pertencesse a uma tribo
importante, era pobre e ficou órfão ainda muito pequeno, tendo que se dedicar à
profissão de pastor para se manter. Mais tarde, entregou-se à meditação
espiritual. Mais ou menos aos 40 anos de idade, Maomé teve uma visão que dizia
ser do Anjo Gabriel, que o ordenou em nome de Alá a pregar uma nova religião na
qual “só Alá é Deus e Maomé o seu profeta”.
Recebendo o apoio de sua mulher e de
algumas discípulas e convencido de sua missão religiosa; começou a divulgação
de suas idéias.
Pregava a existência de um Deus único,
a prática do islã (abandono e submissão à vontade de Deus) e a destruição dos
ídolos. Isto não foi aceito pela aristocracia de Meca, que chegou a ameaçá-lo
de morte.
Quanto as suas visões, talvez fossem
decorrentes dos jejuns prolongados que Maomé praticava, ou de ataques
epilépticos.
Em 622 ocorre a hégira, quando Maomé
abandona Meca devido as ameaças que vinha sofrendo e foi buscar adeptos em
diversas regiões da Arábia. Foi para Iatreb que depois veio a se chamar Medina
(a cidade do profeta), e é a partir desse acontecimento que começa o processo
de Islamização e consequentemente a unificação do povo árabe. Dado o
significado da data, foi usado como marco inicial do calendário muçulmano.
Logo depois de sua chegada a Medina,
formou-se um grupo considerável de adeptos da nova doutrina, partindo daí a
islamização de outras tribos. Pregava-se a “Guerra Santa” contra os infiéis.
Em 630, Maomé entrou vitorioso em Meca.
Dois anos depois ocorre sua morte, após conseguir que a sua doutrina fosse
aceita em toda a Europa.
3. EXPANSÃO E DECLÍNIO ÁRABE
Após a morte de Maomé em 632, a
expansão religiosa prosseguiu agora no contexto da “djihad” (a guerra santa)
visando à conversão dos infiéis, ou seja, daqueles que não seguiam o islamismo.
Nesse momento, o poder passou para as mãos dos califas ao mesmo tempo chefes
religiosos e políticos.
O Império Islâmico que se formava
avançou primeiramente sobre os vizinhos bizantinos e persas. Durante a Dinastia
Omíada (661-750), contudo, os árabes avançaram também para o Ocidente tomando o
norte da África e chegando a Península Ibérica. O avanço árabe em direção a
Europa só foi barrado na batalha de Poitiers (732), quando árabes e francos
enfrentaram-se.
O expansionismo árabe foi causado pelo
aumento da população, divido a poligamia; pelo incentivo econômico, pois todo
aquele que saísse vivo seria contemplado com uma parte do butim; e pelo
fanatismo religioso. Maomé tinha prometido aos que morressem na guerra santa
que iriam se encontrar com milhares de virgens no paraíso, onde iriam desfrutar
rios de delícias.
Apesar de motivados a conquista pelo
ideal da “djhard”, os muçulmanos foram tolerantes com os povos dominados.
Admitiam outras religiões, com exceção das que cultuavam ídolos, e se abriram a
várias influências culturais principalmente do pensamento grego e helenístico.
A unidade do império foi quebrada sob a
Dinastia Abássida que substituiu a Omíada em 750, possibilitando o advento de
califados independentes sediados em grandes cidades como Bagdá, Córdoba e
Cairo.
A perda da unidade política foi
acompanhada da desagregação religiosa com o surgimento de duas seitas
principais: a dos Sunitas e a dos Xiitas. Os primeiros fundavam sua crença no
Suna (livro sagrada que continha os ditos e feitos de Maomé), acreditavam na
livre escolha dos chefes políticos pela comunidade dos crentes. Os Xiitas, por
sua vez, defendiam que o poder político e religioso deveria concentrar-se nas
mãos de uma única pessoa que descendesse de Maomé, tornando absoluto o poder do
Estado.
As ações dos povos árabes tiveram
consequências muito além de seu próprio império. A expansão pela bacia do
Mediterrâneo, o controle sobre a região e as constantes incursões realizadas no
litoral sul da Europa intensificaram a decadência comercial e a ruralização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Zulmira. História Medieval (I). 3º
Período de História. Palmares: FAMASUL, 2003.
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São Paulo: Editora Nova Cultural. 2004.
VICENTINO,
Cláudio & DORIGO, Gianpaolo. História
para o Ensino Médio. São Paulo: Editora Scipione. 2001.
Prof. Lucio M. L. Lima