O texto abaixo foi
extraído do livro “O Suicídio”, escrito por Émile Durkheim em 1897. Nele, o
autor estuda esse fato social a partir da aplicação das regras do método
sociológico. O suicídio é analisado não da perspectiva do indivíduo, mas da
sociedade. Faça uma leitura e análise do texto “O suicídio anômico” e redija o
seu comentário interpretativo.
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Figura: ÉMILE DURKHEIM |
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O SUICÍDIO ANÔMICO
É
fato conhecido que as crises econômicas têm uma influência agravante sobre a
propensão ao suicídio. Em Viena, em 1873, eclode uma crise financeira que
atinge seu máximo em 1874; imediatamente, o número de suicídios se eleva. De
141 em 1872, eles sobem para 153 em 1873 e para 216 em 1874, com um aumento de
51% com relação a 1872 e de 41% com relação a 1873.
A
prova de que essa catástrofe é a única causa desse crescimento é o fato de ele
ser sensível, sobretudo no momento em que a crise se chegou ao estado agudo, ou
seja, durante os quatro primeiros meses de 1874. De 1º de janeiro a 30 de
abril, 48 suicídios haviam sido contados em 1871, 44 em 1872, 43 em 1873; houve
73 em 1874. O aumento é de 70 %.
[...]
Mas a que essas crises devem sua influência? Será porque, fazendo diminuir a
riqueza pública, elas aumentam a miséria? Será porque a vida se torna mais
difícil e as pessoas renunciam a ela com maior facilidade? A explicação seduz
por sua simplicidade e, aliás, conforma-se à concepção corrente do suicídio. No
entanto, os fatos contradizem.
Com
efeito, se as mortes voluntárias aumentassem porque a vida se torna mais dura,
elas deveriam diminuir sensivelmente quando o bem-estar se torna maior. Ora,
embora quando o preço dos alimentos de primeira necessidade se eleva
excessivamente o mesmo ocorra, geralmente, com os suicídios, não se constata
que eles diminuam para menos da média no caso contrário.
[...]
Se, portanto, as crises industriais ou financeiras aumentam os suicídios, não é
por empobrecerem, uma vez que crises de prosperidade têm o mesmo resultado; é
por serem crises, ou seja, perturbações da ordem coletiva. Toda ruptura de
equilíbrio, mesmo que resulte em maior abastança e aumento da vitalidade geral,
impele à morte voluntária. Todas as vezes que se produzem graves rearranjos no
corpo social, sejam eles devidos a um súbito movimento de crescimento ou a um
cataclismo inesperado, o homem se mata mais facilmente.
DURKHEIM,
Émile. O Suicídio: Estudo de Sociologia.
São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 303-311.
Teste
ResponderExcluirTeste 02
ResponderExcluirPra mim e um neda
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